Temos que esquecer em quem votamos!

Um dos princípios para o bom funcionamento da democracia está em acatar as escolhas da maioria, mesmo que seu voto tenha sido na proposta perdedora.

Isso eu aprendi muito bem enquanto atuei em organizações sindicais e associação de bairro. Também nas empresas, nos fóruns que exigem voto, tais como comissões ou comitês, ou numa simples assembleia condominial, impera o ordenamento que preza pela aceitação total da proposta vencedora. Inclusive acatando-a sem direito a questionamentos.

Também faz parte do contrato social democrático a submissão a líderes ou chefes indicados para cargos e funções.

Todas essas instituições são microcosmos representativos da convivência mais ampla, como nação.

O verdadeiro e correto papel do eleitor é esquecer o “candidato” em quem votou, quer ele tenha perdido, quer tenha ganho a eleição para um cargo público.

Passado o período eleitoral, o papel de todo eleitor deve ser o de fiscal do cumprimento do mandato, denunciando erros, apoiando projetos alavancadores da sociedade e criticando ou tentando bloquear democraticamente os que não sejam de interesse social ou republicano, independente se votou ou deixou de votar no ocupante do cargo.

Essa coisa de “apoiador” para dar suporte àquele que foi seu “candidato”, de forma incondicional, mesmo que ele esteja fazendo besteira para depois se socorrer de apoio, feito bebê chorão, é a maior tolice que um cidadão comprometido pode fazer.

Por outro lado, o próprio eleitor também não pode ser, ele, um bebê chorão, esperneando, porque seu candidato não venceu. Nem ficar dizendo “esse não é meu presidente”… “não reconheço aquele como meu governador” etc.

Aprenda a separar as coisas:

Durante o período eleitoral, defenda o candidato que melhor representa os seus interesses de classe, de localização geográfica, de ideais enfim. Use camisa, broche, bandeira. Debata, defenda, vote (só não brigue por ele: eu juro que nenhum merece).

Depois do resultado da eleição ESQUEÇA EM QUEM VOTOU.

Passe a fiscalizar o ocupante do cargo executivo ou legislativo, em todos os níveis, federal, estadual ou municipal.

Desde que algum cronista começou a pregar que o eleitor que esquece em quem votou é “despreparado”, iniciou-se um “esforço de lembrar” que transformou-se quase em fã clube de nomes ou criou semideuses e mitos.

Criou um polo de eleitores agarrados ao saco dos eleitos, bajulando-os e apoiando-os (que babaquice esquisita), enquanto o outro polo continua vinculado ao perdedor, abrindo mão de acompanhar a continuidade do processo de construção.

Uma coisa bisonha; uma demonstração – isso sim – de despreparo e abestalhamento sem limites. (desculpem a expressão)

Uma disposição idiota de “pôr fogo na própria casa, para que a fumaça incomode o vizinho”.

Enquanto isso, os políticos de carreira, os políticos “profissionais”, seguem enriquecendo, comemorando, fazendo alianças (inclusive entre ganhadores e perdedores) e rindo do eleitor despreparado.

Paremos com isso: fiscalizemos os executivos e os legisladores em quem não votamos.

Fiscalizemos com igual – e até maior – vigor os vencedores em quem votamos, afinal, somos responsáveis diretos por esses estarem nos postos que ocupam.

Respeitemos a escolha da maioria. Isso sim, é princípio democrático.

Se do ponto de vista do eleitorado; do cidadão comum, em contraposição à classe política, nos mantivermos em dois polos – o de apoiadores, de um lado e o de inconformados, do outro – seremos nós os responsáveis pelo caos e pela manutenção do atual estágio de autoritarismo, desmandos e corrupção na gestão pública.

Façamos com que políticos, executivos e legisladores, trabalhem corretamente. Não lhes perdoemos erros. Não acatemos deslizes, pronunciamentos despreparados ou desrespeitosos. Tal postura independe de ter ou não ter votado no ocupante do cargo.

Por isso, não caia na verborragia falaciosa sobre lembrança de voto – tolice.

Ao contrário: Esqueça em quem votou!

Essa é a missão cidadã.

O que você não entendeu que precisa que eu desenhe?

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