Situação difícil.
Abstinência de vício.
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Vida sem graça,
Proximidades do inferno,
Escarro de subalterno,
Anúncio certo de desgraça…
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Véspera de suicídio.
Amargo veneno de ofídio.
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Danos irreparáveis,
Mergulho em calda de fossa,
Promessa em forma de joça,
Sentimentos questionáveis…
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Doença repugnante.
Abordagem de assaltante.
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Tosse tuberculosa,
Vísceras apodrecidas,
Mandíbulas enrijecidas,
Horda de gente maldosa…
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Entranha dilacerada.
Maldade instrumentalizada.
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Queda de despenhadeiro,
Enterro de gente viva,
Barco deixado à deriva,
Câncer no corpo inteiro…
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Unha arrancada a ferro.
Uivo, lamento e berro.
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Aranha e escorpião,
Cegueira da inteligência,
Falta de zelo, demência…
Catinga de podridão…
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Caso mal resolvido.
Porrada no pé do ouvido.
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Ruptura de ligamento,
Hérnias em todos os discos,
Junção de todos os riscos,
Coice forte de jumento…
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Olho de furacão.
Dúvida e solidão.
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Agonia e gemido,
Sangue escorrendo farto,
Dor no peito, prévio infarto,
Castigo imerecido…
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Convite de Satanás.
Tudo isso e muito mais…
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Tristeza e decepção,
Tudo o que não presta,
Incêndio em meio à festa,
Conluio, corrupção…
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Resto mortal apodrecido.
Pensamento envilecido.
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Amor que nunca existiu,
Falácias e pouco caso,
Mergulho em poço raso,
Mau agouro que se cumpriu…
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Mentiras e desavenças.
Repertório de doenças.
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Mortalha de natimorto,
Alça de caixão de filho,
Mendigo sujo e maltrapilho,
Em frangalhos, vesgo e torto…
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Náufrago em alto mar,
Funesto choro a derramar.
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Sangue vermelho, rubro.
Dia quinze de outubro…
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Ferida escondida em pano.
Chorume de lixo urbano.
Adoração de profano.
Dois mil e treze, o ano.